IA, robôs e emoções – Filosofia no 1º Ciclo do Ensino Básico

Idade

7 — 10

Turma

28 alunos

Duração

6h

Professora

Cecília Tomás

Idade

7 — 10

Turma

28 aluno/as

Duração

6h

Professora

Cecília Tomás

A professora Cecília Tomás, explora a reflexão filosófica sobre a Inteligência Artificial e as emoções com os seus alunos do 1º Ciclo do Ensino Básico. Inspirada pelo livro “A máquina dos ses” do autor Peter Worley, e pelos mais de 30 planos de aulas que exploram o mundo da filosofia, a professora propõe um conjunto de 7 novas aulas de filosofia para alunos do 1º Ciclo, que adapta deste livro. Em todas as aulas os alunos ouvem uma estória sobre as aventuras da vida de crianças humanas e o seu amigo robô de nome Ceebie, e refletem sobre conceitos da filosofia de forma simples e divertida.

Todas as aulas podem ser trabalhadas com alunos a partir dos 7 anos. A professora recomenda organizar uma aula por mês:

Preparação da professora

Para a professora Cecília, a filosofia é uma paixão que a acompanha desde a licenciatura em Filosofia e o seu Doutoramento em Educação. Enquanto professora no 1º Ciclo, traz essa paixão para a sala de aula e explora temas profundos de forma leve.

Planeou estas aulas, garantindo que qualquer professor com ou sem formação em filosofia, conseguirá ter sucesso em aplicá-las.

Recomenda que:

Preparação da sala de aula

As aulas da professora Cecília foram pensadas para um ambiente de ensino online síncrono, mas podem ser facilmente adaptadas para a sala de aula presencial. Pode utilizaar-se os mesmos recursos digitais ou fazer uso exclusivo do livro em papel, caso existam constrangimentos de internet.

Para o ensino presencial, a professora recomenda organizar a sala com as cadeiras em círculo ou em U, para que todos os alunos se possam ver e participar mais facilmente no diálogo.

O ambiente colaborativo é essencial, e as regras que os alunos devem cumprir são simples:

  • Levantar a mão para falar
  • Respeitar quem está a falar
  • Ajudar apenas se for pedido
  • Incentivar os alunos a distinguir entre questionar, exemplificar ou argumentar

Estas aulas promovem o pensamento crítico, sem que a professora precise de apontar o que está certo ou errado.

A ideia é que as crianças, juntas, construam suas próprias conclusões.

Aula 1 – O Amigo

  • Objetivo · Identificar emoções humanas e compreender a ideia de emoções em máquinas
  • Duração · 60 minutos
  • Atividade · Ouvir uma estória e fazer reflexão dialogada em grupo
  • Equipamento · Computador com internet, projetor

  • Avaliação · Não aplicada

Adaptado de “A máquina dos ses” de Peter Worley (página 186-191).

A professora dá início à aula conversando com os alunos sobre o que vai acontecer nesta sessão e quais as regras que deverão seguir. Esta sessão apresenta os personagens humanos e o pequeno robô Ceebie, acrescentando a reflexão em torno de como é ser amigo e quem pode ser amigo. Começa por projetar o slide com a imagem e áudio onde se ouve a estória – Aceda ao documento aqui para ouvir as estórias em Português.

Estória (clica em 1 e ouve):

A professora mostra a estória do Ceebie no ecrã, visível para todos, e clica no áudio para ouvirem em conjunto. A turma escuta a estória “Ceebie: o amigo.”

Reflexão:

Os alunos refletem e dialogam sobre a questão

  • O que é um amigo de verdade?

A professora cria um mapa mental com as ideias dos alunos usando o MindMup.

Reflexão (clica em 2 e 3, ouve e reflete):

Os alunos continuam a reflexão dialogada com base nas perguntas:

  • Será que um objeto pode ser um amigo?
  • Se um urso de peluche que tem um botão que ao apertar diz amo-te, será que o urso gosta de ti?

Atividade Extra:

A professora ouve com os alunos a parte 3 da estória. Pede a todos para para imaginarem que vão construir um robô que irá ser seu amigo de verdade, e pede também para

  • Desenharem como seria o robô seu amigo de verdade.
  • Pensarem num adjetivo que caracterize o robô e partilharem-no no Padlet criado para reflexões sobre “Seres humanos e Inteligência Artificial.”

Aula 2 – Teste do António

  • Objetivo · Introduzir a ideia de pensamento em máquinas através do Teste de Turing

  • Duração · 60 minutos
  • Equipamento · Computador com internet, projetor
  • Atividade · Ouvir uma estória e fazer reflexão dialogada em grupo

  • Avaliação · Não aplicada

Adaptado de “A máquina dos ses” de Peter Worley (páginas 192 – 197).

Para dar início à aula a professora começa por projetar o slide com a imagem e áudio onde se ouve a estória – aceder ao documento aqui para ouvir as estórias.

Estória 1 (Clicar em 1 e ouvir, ou ler na página 192):

Os alunos escutam a estória “Ceebie: o teste do António”.

Reflexão 1:

A turma inicia a reflexão sobre a estória, tendo a imagem do teste como auxiliar visual para que os alunos entendam melhor como será “O teste do António” (uma simulação do Teste de Turing).

Estória 2 (Ver o vídeo 2, clicar em 3 e ouvir, ou ler na página 192):

De seguida, a turma vê o vídeo 2 que apresenta a simulação de 3 testes de Turing que os alunos devem ler por si. A professora não lê os testes em voz alta, uma vez que a voz poderá induzir na escolha da resposta. Se os alunos não souberem ler ou não tiverem capacidade de leitura, a atividade deve ser adaptada às suas necessidades. No final de cada teste ouvem o áudio 3.

Reflexão 2:

No final de cada teste (ao todo são escritos 3 testes) os alunos ouvem o áudio 3 e fazem as suas reflexões dialogada em resposta às questões:

  • Com quem pensas que o Jaime está a conversar em cada teste?

    • Um computador ou uma pessoa mistério? Porquê?

  • Um computador consegue pensar?

Há uma tendência natural dos alunos para quererem saber o que a professora pensa sobre quem escreve as mensagens. Quando isto acontece, a professora relembra os alunos que não há respostas corretas, e o mais importante é o caminho de reflexão e não a conclusão a que se chega.

Aula 3 – O Assalto

  • Objetivo · Refletir sobre a programação de robôs e conceitos como verdade

  • Duração · 60 minutos
  • Equipamento · Computador com internet, projetor

  • Atividade · Ouvir uma estória e fazer reflexão dialogada em grupo

  • Avaliação · Não aplicada

Adaptado de “A quina dos ses” de Peter Worley (p.198 – 204).

Nesta sessão a professora traz a parte da estória do “Ceebie: o assalto” que envolve duas partes para refletir sobre programar um robô e sobre conceitos como verdade, mentira, culpa ou amizade. Para cada uma das partes aceda ao documento aqui para ouvir as estórias.

Parte 1

Na primeira parte da sessão, os alunos ouvem a parte da estória que conta como é que uma personagem criança consegue programar o seu robô Ceebie para fazer algumas tarefas em casa e também para fazer coisas divertidas como dançar. Até que um dia alguém rouba o robô e procura-se descobrir quem foi o responsável! Aceda ao documento aqui.

Estória 1 (Clicar em 1 e ouvir):

Os alunos ouvem a estória sobre como Ceebie foi programado para fazer tarefas divertidas, mas depois foi roubado.

Reflexão 1 (clicar em 2 ouvir e refletir):

Os alunos dialogam reflexivamente sobre quem pensam ser o ladrão do robô.

Estória 2 (clicar em 3 ouvir e refletir):

Os alunos continuam a ouvir a estória no áudio 3.

Reflexão 2 (clicar em 4 ouvir e refletir):

A professora procede-se à apresentação da pergunta que leva os alunos à reflexão dialogada.

  • O Jaime sabe quem roubou o robô?
  • Provou-o?

Durante a reflexão dos alunos, a professora utiliza o Jamboard ou Google Docs para registrar as ideias dos alunos sobre os conceitos de verdade e mentira.

Parte 2

Aceda ao documento aqui para ouvir as estórias.

Estória 1 (clicar em 5 e ouvir):

Os alunos ouvem a continuação da estória que conta como se tenta descobrir quem roubou o robô Ceebie e quem programou o robô para fazer um assalto.

Reflexão 1:

Os alunos refletem sobre de quem é a responsabilidade das ações de um robô, e o poder de programar várias ações incluindo uma amizade.

Estória 2 (Clicar em 6 e ouvir):

A estória continua.

Reflexão 2:

Os alunos refletem sobre responsabilidade (e conceitos associados como verdade, mentira ou culpa).

Estória 3 (Clicar em 7 e ouvir):

Os alunos ouvem o áudio onde a professora recorda detalhes da estória.

Reflexão 3:

Os alunos refletem sobre o que ouviram e sobre a pergunta final:

  • Quem é que pode ser o responsável pelo roubo?

Estória 4 (Clicar em 8 e ouvir):

Estória continua a apresentar algumas questões colocadas pela criança da estória sobre a amizade do Ceebie e as dúvidas que tem sobre esse sentimento. Porque o robô foi programado para ser seu amigo, a criança questiona se o Ceebie é realmente seu amigo.

Reflexão 4:

Os alunos refletem sobre as seguintes questões:

  • O Ceebie é um verdadeiro amigo?
  • O Ceebie pode ser um verdadeiro amigo?

Atividade Extra:

A professora sugere aos alunos desenharem, ou quem é o responsável pelo roubo ou o que é para si um verdadeiro amigo. Podem escrever uma frase alusiva ao seu desenho e partilha-o no PADLET criado para reflexões sobre “Seres humanos e Inteligência artificial”.

Aula 4 – O Android

  • Objetivo · Explorar o que faz de um ser humano, humano, e se um robô o pode ser

  • Duração · 60 minutos
  • Equipamento · Computador com internet e projetor

  • Atividade · Ouvir uma estória e fazer reflexão dialogada em grupo

  • Avaliação · Não aplicada

Adaptado de “A máquina dos ses” de Peter Worley (p. 206 – 207).

A estória desta sessão envolve a reflexão sobre o que acontece quando um robô se assemelha a um humano, e quando imita o comportamento de um humano – Aceda ao documento aqui para ouvir as estórias.

Estória (Clicar em 1 e ouvir):

A estória de Ceebie continua focada na evolução da aparência e comportamentos do robô Ceebie que simulam um humano.

Reflexão (Clicar em 2 e ouvir):

Os alunos refletem sobre as perguntas como:

  • Se um robô age como um humano, ele é um humano?
  • O que é necessário para ser humano?

Opcional:

Pode, ainda, continuar-se a reflexão com outras perguntas como a que se segue no audio 3:

  • O que é preciso para ser um ser humano?
  • Um computador pode pensar e ter sentimentos?
  • De que género será o robô? Ou não terá género?

Atividade Extra:

A professora pede aos alunos para escreverem uma breve mensagem ou reflexão sobre “O android” no PADLET criado para reflexões sobre “Seres humanos e Inteligência Artificial.”

Aula 5 – A Mentira

  • Objetivo · Refletir sobre o conceito de mentira e as suas implicações éticas.

  • Duração · 60 minutos
  • Equipamento · Computador com internet e projetor

  • Atividade · Ouvir uma estória e fazer reflexão dialogada em grupo

  • Avaliação · Não aplicada

Adaptado de “A máquina dos ses” de Peter Worley (p.210 – 215)

Esta sessão explora a estória “Ceebie: a mentira”. Nesta aula, em dois momentos diferentes, os alunos são progressivamente acompanhados a refletir sobre a decisão de dizer uma mentira, sobre o contexto em que a mentira é dita e sobre as suas consequências. Para cada uma das partes aceda ao documento aqui para ouvir as estórias.

Parte 1

Estória 1 (Clicar em 1 e ouvir):

A estória conta que os amigos se juntam para criar um clube e onde definem uma regra importante. Não podem dizer mentiras em qualquer circunstância.

Reflexão 1:

Os alunos refletem e dialogam sobre a questão:

  • Será esta regra boa?

Estória 2 (Clicar em 2 e ouvir):

Os alunos ouvem a continuidade da estória em que as crianças personagens são confrontadas com uma situação em que terão de decidir se mentem ou não numa determinada situação.

Reflexão 2:

Em sessão síncrona procede-se à reflexão da estória, discutindo a pergunta de trabalho 2 relacionada com a decisão de dizer a verdade num contexto em que as crianças personagem sabem que as consequência não serão positiva.

  • O que acham que as personagens da estória devem fazer na seguinte situação?

Se as personagens disserem a verdade sobre o paradeiro de um amigo, têm medo que outra criança bully vai bater nesse amigo. Mas se mentiram, vão estar a quebrar a regra de não dizerem mentiras em qualquer circunstância.

Opcional (Clicar em 3 e 4, ouvir e refletir):

Os alunos são convidados a refletir sobre as perguntas que são colocadas.

  • Há alguma situação em que se possa não seguir as regras?
  • Há regras que não devem ser infringidas sejam quais forem as consequências?
  • E se os personagens ficarem em silêncio, será que mentem?

Parte 2

A professora sugere uma segunda parte para esta sessão. Aceda ao documento aqui para ouvir as estórias.

Estória (Clicar em 5 e ouvir):

A estória continua. As personagens da estórias todas têm comportamentos diferentes nesta etapa da estória. O robô diz a verdade; um personagem criança diz uma mentira mas para proteger um amigo de uma consequência má; outra criança personagem diz uma mentira mas como uma partida. O esquema apresentado serve para ir dando a visão do que se conta aqui.

Será importante fazer com os alunos, novamente, o trajeto apresentado no esquema para uma melhor perceção do sucedido.

Reflexão (Clicar em 6, ouvir e refletir):

Os alunos são convidados a refletir sobre a pergunta de trabalho 4:

  • O que é uma mentira?
  • É possível fazer uma coisa boa ou uma coisa má sem querer?

Reflexão (Clicar em 7, ouvir e refletir):

Os alunos são convidados a refletir sobre a pergunta de trabalho 5:

  • Será que há alguma diferença entre uma partida ou uma piada e uma mentira? Se sim, qual?
  • Uma mentira tem de ser algo propositado?
  • Se disseres uma coisa que achas ser verdadeira, e afinal não, isso quer dizer que mentiste?

Atividade Extra:

Podes escrever uma breve mensagem ou reflexão sobre “a mentira” no PADLET criado para reflexões sobre “Seres humanos e Inteligência artificial.”

Aula 6 – A Reconstrução

  • Objetivo · Discutir questões de identidade e continuidade num robô

  • Duração · 60 minutos
  • Equipamento· Computador com internet e projetor

  • Atividade · Ouvir uma estória e fazer reflexão dialogada em grupo

  • Avaliação · Não aplicada

Adaptado de “A máquina dos ses” de Peter Worley (p.217 – 219)

Nesta parte da estória “Ceebie: a reconstrução”, a criança personagem que considera o robô o seu amigo de verdade, vê-se perante uma situação em que o robô é destruído acidentalmente, mas será substituído por outro robô que terá um corpo igual ao anterior e terá também as suas memórias. A reflexão acontece em torno das questões que levam à reflexão sobre semelhanças e diferenças entre um robô e um humano – Aceda ao documento aqui para ouvir as estórias.

Estória (Clicar em 1 e ouvir):

A estória conta que as memórias do robô Ceebie foram armazenadas num disco externo. Depois de um acidente que fez com que o Cebbie fosse destruído, decidem reconstruir o robô e voltar a integrar as memórias armazenadas.

Reflexão:

Os alunos refletem com base na pergunta:

  • O Ceebie novo é o mesmo que o antigo?

Reflexão (Clica em 2 e 3, ouvir e refletir):

Os alunos são convidados a refletir sobre outras opções sobre o tema da reconstrução do robô:

  • Imagina que construímos um robô com as mesmas peças, ele é o mesmo?
  • Imagina que construímos um robô com peças diferentes mas seguindo o mesmo plano. O robô novo é igual ao antigo?

Atividade Extra:

Integrar o mapa mental coletivo no PADLET criado para reflexões sobre “Seres humanos e Inteligência artificial”

Aula 7 – Finalmente humano?

  • Objetivo · Refletir sobre a diferença entre ser humano e parecer humano

  • Duração · 60 minutos
  • Equipamento · Computador com internet e projetor

  • Atividade · Ouvir uma estória e fazer reflexão dialogada em grupo

  • Avaliação · Não aplicada

Adaptado de “A máquina dos ses” de Peter Worley (p.220 – 221)

O foco da estória “Ceebie: finalmente humano?” e reflexão nesta aula é em torno da definição do que é ser-se humano – Acede ao documento aqui para ouvir as estórias.

Estória (Clicar em 1 e ouvir):

Nesta parte da estória o robô tinha o desejo de ser considerado humano, e por isso é reprogramado para acreditar que é humano, e dão-lhe um nome humano para ficar tudo mais credível.

Reflexão (clica em 2, ouvir e refletir):

Os alunos refletem sobre a estória e a pergunta de trabalho:

  • Agora que o robô da estória parece humano, acredita que é humano e todos o tratam como humano, será que é finalmente humano?

Atividade Extra: Imagina, depois destas estórias todas, como será o Ceebie… ou o Carlos Barros (nome humano que deram ao robô) no futuro? Podes fazer um desenho (clica no lápis para acederes a formas para a tua folha de desenho) e escrever uma breve reflexão, mensagem ou simplesmente uma frase sobre este tema e deixar testemunho disso no PADLET criado para reflexões sobre “Seres humanos e Inteligência artificial.”

Aplicado à realidade da sala de aula, o conjunto de sessões aqui explanado pode fazer uso exclusivo do livro em papel, caso existam constrangimentos de internet.

Os slides foram criados pela professora Cecília, sob a licença CC BY-NC-ND 4.0.

Cecília Tomás é atualmente docente de educação especial na Escola Básica da Quinta dos Franceses (AE Dr. António Augusto Louro) e investigadora no Laboratório de Educação a Distância (LE@D) a Universidade Aberta em Portugal. Lecionou filosofia no ensino secundário durante 16 anos, experiência que levou ao 1.º CEB numa modalidade de projeto e no âmbito da educação inclusiva.

Conheça o seu trabalho científico e a página que coordena – Recursos Educativos Abertos para professores do 1º Ciclo do Ensino Básico.